DIVÃ PSICANALÍTICO (FREUD)

DIVÃ PSICANALÍTICO (FREUD)

PSICANÁLISE

PSICANÁLISE

É UM CAMPO CLÍNICO E DE INVESTIGAÇÃO TEÓRICA DESENVOLVIDO POR SIGMOND FREUD, UM MÉDICO INTERESSADO EM ACHAR UM TRATAMENTO EFETIVO PARA OS PACIENTES COM SINTOMAS NEURÓTICOS OU HISTÉRICOS.



PSICANALISTA


É O PROFISSIONAL QUE APLICA OS PRINCÍPIOS, OS POSTULADOS, AS TÉCNICAS E OS MÉTODOS DA PSICANÁLISE NO TRATAMENTO OU NA PREVENÇÃO DE DISTÚRBIOS PSÍQUICOS DE NATUREZA INCONSCIENTE, TAIS COMO:INADAPTAÇÕES, TIMIDEZ, IMPULSIVIDADE, SENTIMENTO DE CULPA, DESGOSTO, FOBIAS, OBSESSÕES, NEURASTENIAS, NEUROSES DE FRACASSOS, PERTUBAÇÕES SEXUAIS E SOMÁTICAS DE ORIGEM PSÍQUICAS.

sábado, 7 de janeiro de 2012

MONOGRAFIA: A PSICANÁLISE APLICADA AO COMPORTAMENTO SOMATIZANTE, SEXUAL, HISTÉRICO E SUAS NEUROSES

SOCIEDADE PSICANALÍTICA ORTODOXA DO BRASIL
NÚCLEO de FORMAÇÃO PSICANALÍTICA

DEJANIRA ROBERTA DE MORAES BORGES


A PSICANÁLISE APLICADA AO COMPORTAMENTO SOMATIZANTE, SEXUAL, HISTÉRICO E SUAS NEUR0SES




1. INTRODUÇÃO


Esta monografia caracteriza a estratégia e a metodologia do profissional psicanalítico na prática e sua forma de atuar no setting com os postulados de Freud e seus seguidores clássicos e contemporâneos, no estudo dos conflitos e das somatizações dos pacientes, em busca de auxiliá-los na sua evolução egoíca.
Assim, o estágio supervisionado foi realizado no Núcleo da SPOB- Sociedade Psicanalítica Ortodoxa do Brasil - Bahia, (ambiente Consultório), como também na OAF- Organização Assistencial Fraterna de Salvador (ambiente/consultório), tendo em vista, a necessidade de aplicar os fundamentos apreendidos com a teoria, na prática psicanalítica.
Com o objetivo de proporcionar a integração entre o futuro profissional (Terapeuta/psicanalista) e o paciente/cliente, possibilitando a qualificação e a complementação do conhecimento, juntamente com a assistência ao paciente. Vindo assim, favorecer o exercício das atividades específicas de uma futura profissão, estimulando o analista a integrar o campo de trabalho, pondo em prática as teorias sobre a psicanálise, a psique e os métodos de investigação do inconsciente, das neuroses, dos requalques e transtornos da personalidade.
A metodologia utilizada são as análises (analista/analisando) supervisionadas e as pesquisas teóricas como seminários/encontros, buscando o desenvolvimento do profissional psicanalítico, casado com a função essencial de evidenciar o significado inconsciente das palavras, das ações, e das produções imaginárias (sonhos, fantasias, delírios) de um sujeito (paciente/cliente). Que se baseia principalmente nas associações livres deste sujeito, as quais são a expressão indiscriminada dos pensamentos que ocorrem a partir de um elemento dado ou de forma espontânea.
Assim, o consciente, para a psicanálise, é apenas uma parte da mente e inclui tudo o que temos de ciência num dado momento. Tendo em vista que a psicanálise como um método de investigação criado por Sigmund Freud, faz distinção entre consciente e inconsciente e põe em questão uma mente cujas funções não são igualmente acessíveis ao sujeito.
O que, porém trás a busca da área da consciência menos expostas e exploradas, o que Freud, denominou “pré-consciente e inconsciente”.
A premissa inicial de Freud é de que há conexões entre todos os fenômenos mentais, e quando um pensamento ou sentimento parece não estarem relacionados, aos pensamentos, ou sentimentos que o precedem, estas conexões estão no inconsciente. Além de que, há dados que foi excluído da consciência, censurado, reprimido e recalcado. Para Freud, esses dados não são esquecidos ou perdidos, mas não é permitido ser lembrado em um dado momento. E o pré-consciente, por sua vez, é uma parte do inconsciente, que pode se tornar consciente com facilidade. É como uma vasta área de posse das lembranças que a consciência necessita para desempenhar suas funções.
Assim, dentro destes postulados de Freud, surge na atualidade a temática das somatizações ou doenças psicossomáticas que originam da repressão de sentimentos, desejos e conflitos psicológicos inconscientes. Ou seja, segundo a definição contemporânea, é uma tendência para experimentar e comunicar desconforto somático e sintomas que não podem ser explicados pelos achados patológicos, o que atribuí a manifestação física com lesões orgânicas com sintomas físicos sem explicação médica.
Tendo em vista, que Freud não empregou o tema somatização e psicossomática, o mesmo começou a ser objeto de estudo nas primeiras décadas do século XX, o que pode ser considerado a sua consagração tendo como marco a fundação da American Psychosomatic Society.
Contudo é o resultado de séculos de elaboração até ser definida pela primeira vez por Johann Christian August Heinroth (1773-1843) como psicossomática, 1918, e somatopsíquica ou somatização em 1928 criada por Zbigniew Lipowski (1924-1997).
Assim, a psicossomática/somatização, evoluiu das investigações psicanalíticas, que contribuiu para o campo com informações acerca da origem inconsciente, das doenças, e mais especificamente dos estudos das paralisias e anestesias histéricas, originadas das contribuições psicanalíticas de Jean Martin Charcot (1825-1893) e Josef Breuer (1842-1925).
Pois, para Charcot, um eminente neurologista francês, as idéias mórbidas podiam produzir manifestações físicas. Cujos alunos e seguidores, Freud (1856-1939), em colaboração com Breuer, através de pesquisas dos mecanismos psíquicos da histeria (neurose), postulou em sua teoria que essa neurose era causada por lembranças reprimidas, de grande intensidade emocional.
Bem como, o psicólogo francês Pierre Janet (1859 -1947), considerou como prioritárias, para o desencadeamento do quadro histérico, mais as causas psicológicas do que as físicas. Ou seja, o inconsciente reprimido, manifestado no corpo físico.
Através de estudos observa-se que nas perturbações psicossomáticas, quanto na histeria ocorre uma luta inconsciente entre as instâncias da psique, em contradição com o próprio interior da pessoa, estabelecendo assim uma luta imaginária entre um indivíduo e outro.
Tendo em vista, que um sintoma histérico perturba ou faz sofrer o sujeito, inconsciente do fato de que foi ele mesmo que o provocou.
E que seu objetivo inconsciente é manipular o outro por quem ele se sente frustrado, mas o próprio paciente histérico acaba por se tornar prisioneiro de um dizer em seu próprio corpo o qual acredita ser atacado por um agente externo. Com isso, sente-se vítima de uma causa que lhe é estranha, enquanto que sem o saber, é ele que se auto-vítima.



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2. DESENVOLVIMENTO


A psicossomática ficou em latência durante séculos, pôr falta de comprovação científica, embora o termo “psico-somático” tenha sido usado por Heinroth em 1818, como foi dito. Todavia, somente com o trabalho de Freud, nova luz veio despertar o interesse da mente-corpo.
Segundo alguns psicanalistas, a histeria tem um amplo leque de patologias que vai da neurose à psicose, passando pelos estados borderline, narcisísticos graves, anti-social, dependente e histriônico. Contudo, é essencial que o psicanalista não perca a dimensão da histeria limitando-a unicamente em uma patologia primitiva. Neste sentido, não se trata de minimizar o papel que tem a interpretação dos conflitos edipianos e da culpabilidade sexual.
Embora a teoria psicanalítica tenha suas origens na explicação freudiana dos sintomas histéricos, seu principal interesse focaliza a histeria de conversão, não os traços histéricos da personalidade. (Abraham, 1949)
Conforme Laplanche e Pontalis (2001), a histeria apresenta quadros clínicos diversos, sendo duas formas sintomáticas mais reconhecidas: a histeria de conversão e a de angústia. Na histeria de conversão, o conflito psíquico vem simbolizar-se nos sintomas corporais mais diversos, paroxísticos (crise emocional com teatralidade) ou mais duradouros (anestesias, paralisias histéricas, etc.). Na histeria de angústia, este sentimento é fixado de maneira geralmente estável em algum objeto externo (fobias). A histeria de conversão é originária de conflitos sexuais infantis e se manifesta através da maneira como a excitação psíquica é processada. O corpo aparece como o lugar onde se expressa aquilo que a censura impede que seja dito em palavras; por isso, propõe perceber o corpo somático da histérica como um corpo prenhe de metáforas, as quais é necessário dar à luz.
A presença de sintomas conversivos é, para alguns, o traço fundamental e o que permite traçar a linha divisória entre histeria de angústia e histeria de conversão. Na ausência de conversão, a matriz geradora do núcleo de repressão, de triangulação edípica, não obstante, deve se achar presente. A idéia central é a transmutação, a mudança de estado, algo psíquico se converte em algo físico, corporal.
Com isso, o sintoma somático, quanto o sintoma histérico é a expressão simbólica, devidamente disfarçada pelos mecanismos de condensação e deslocamentos de idéias reprimidas. Ou seja, no sintoma histérico, o conflito entre sexualidade e valorização narcisista alcança sua máxima complexidade, e é neste conflito, em que se institui como um sintoma da estrutural. (BLEICHMAR, 1988; DOLTO, 2004). Tendo em vista que, a estrutura de personalidade histérica inclui sugestionabilidade, psicoplasticidade e formação fantasiosa de um personagem. Com alguns traços característicos como: carência afetiva, necessidade de ser o centro das atenções, postura de vítima, sedução, dependência emocional, teatralidade, dramaticidade e egocentrismo.
Compõe, ainda, o quadro sintomático a dificuldade na estruturação da identidade, indecisão e incapacidade de expressar a própria opinião. Como também a labilidade emocional, explosões de raiva, rancor, imaturidade, puerilidade, apego ao devaneio e às fantasias e propensão a obter ganhos secundários com os sintomas da doença.
Em uma série de pesquisas e estudos de casos empíricos, percebe-se que os relatos acima vêm delinear alguns traços que levam a somatização, como nestes casos abaixo:
Caso I - Sra. X pseudônimo que daremos a esta paciente, de 37 anos, de aparência simples, graduada em assistência social, desempregada, casada, pensando em divorciar-se e com baixa-auto-estima sendo excelente “dona do lar, boa mãe, boa filha, boa amiga” (palavras da paciente).
Vindo a residir com o companheiro e três filhos, próximo a casa da família do companheiro, e tendo também a sua família por perto, com quem mantinha um bom relacionamento.
Todavia, a sua relação conjugal apresentava características de desgaste, após tantas brigas e desilusão com seu marido. Procurou tratamento psicanalítico, por indicação de uma vizinha.
A paciente queixava-se de angustia, ansiedade e grande desânimo em relação ao sexo, ou seja, o desestimulo erótico, e mesmo dores de coluna, enxaqueca, mal estar e as dores abdominais que também causavam uma série de transtornos em sua vida, que dentre eles dificuldades no relacionamento sexual com o marido. Após breve período de entrevista e anamennese, iniciaram-se as análises com freqüência de duas sessões semanais, as quais permanecem até então.
Em uma das sessões, a Sra. X relatou que sua maior angustia é a falta de prazer no toque de seu companheiro e que o mesmo a culpava por ausência de sexo ou seja pouco sexo, e que a deixaria por isto.
Em outras sessões a mesma relatava que se sentia envergonhada pelo corpo, pois, este não estava mais belo como antes, e que muitas das vezes sentia repulsa pelo sexo querendo assim, se tornar mais e mais, uma boa mãe, do que uma boa companheira deixando que os filhos dormissem na cama do casal.
Senhora X relatou em uma das sessões dos constantes exames clínicos, que fazia e que os mesmos não diagnosticavam nenhuma doença. Mas, que as dores a incomodavam sempre.
Assim, as sessões transcorriam e a paciente descrevia sonhos eróticos e estimuladores que a fazia sentir orgasmos noturnos. E ao acordar não compreendia as sensações de frigidez e repulsa ao lado do companheiro. Ou mesmo a falta de desejos por qualquer outro homem. E que ao caminhar na rua recebia elogios, mas desacreditava que fossem para ela, e chegava a odiá-los. E após ser consultada sobre a sua relação com o pai, a mesma descreveu que o único elogio verdadeiro era o de seu pai.
Neste caso especifico do caso x, ao analisá-lo, percebe a hipótese de histeria com a fixação na fase fálico-edípica, e certa rivalidade com os homens. O que a leva a ansiedade e angústias constantes, causando dores físicas.
Quinodoz (2007), reconhece, sem dúvida, que a sexualidade desempenha papel capital na histeria, mas, para ele, o que predomina em uma paciente histérica é a luta incessante que ela trava contra as angústias primitivas. Descreve como essas pacientes agem na transferência com o psicanalista e como procedem em face das angústias arcaicas, que são sentidas como catastróficas e como perigo inexistente. Observa-se uma clivagem determinante de estados psíquicos que decompõem todos os níveis de vida psíquica.
Observa-se que, a paciente histérica, logo no início da entrevista, estabelece um “contato instantâneo” com a terapeuta, desenvolvendo com rapidez uma aparente harmonia emocional, criando uma forte impressão de confiança. A mulher histérica apresenta-se desamparada e dependente, contando com as respostas da terapeuta para guiá-la em cada uma de suas ações. O estímulo externo é procurado continuamente e a conduta histriônica, sedutora, manifestadamente emocional e dependente tem por objetivo envolver sutilmente os outros, de modo a garantir seu contínuo interesse e afeição.
Para Quinodoz, a paciente histérica vem ao consultório, habitualmente, após ser desapontada ou desiludida por seu marido ou amante. Tal situação resulta numa intensificação da fantasia e no temor à perda do controle de seus impulsos sexuais. As principais queixas envolvem depressão, ansiedade generalizada e preocupação pelos sintomas sexuais, o que é logo manifestado. Em alguns pacientes, além das queixas de ansiedade, encontramos também a inibição social, estando essas em desacordo com a atuação real do paciente nas situações sociais (MACKINNON & MICHELS, 1981).
Com isso, segundo Mayer (1989), a relação com o esposo causa-lhe desilusão por descobrir que este não é o homem ideal com quem sonhava. O amor da histérica é uma profunda preocupação auto-erótica projetada em um outro e, assim que este outro se destaca finalmente daquele outro interno, ocorre o embaraçoso e amargo desapontamento.
Na sua frustração e depressão, retrai-se em fantasias românticas. Ela acreditará que está sendo usada como objeto; ele, que sua capacidade viril não é suficiente para fazer gozar e deixar satisfeita uma mulher.
Ela sente-se inferiorizada (castrada); ele, um menino impotente. Por certo são muitas as variantes e os graus de inibição genital, mas o que é comum observar nestes casos é uma prática sexual que sistematicamente decepciona (MAYER,1989; BOLLAS, 2000).
Para Mackinnon, o homem a quem a histérica ama, é dotado, com traços de um pai ideal, nada exigindo dela. Entretanto, esta sempre teme perdê-lo, como perdeu seu pai; conseqüentemente, escolhe um homem a quem possa prender por suas necessidades de dependência. Poderá fazer um casamento socialmente inferior ou casar com alguém cujos antecedentes culturais, raciais ou religiosos sejam diferentes dos seus, não só como manifestação de hostilidade contra o pai, como por defesa contra seus desejos edípicos, substituindo dessa forma o tabu do incesto pelo tabu social.
A histérica tem, em geral, função sexual perturbada, a frigidez parcial ou inibição genital é uma reação ao temor de seus próprios sentimentos sexuais. O mesmo pode se refletir no desejo de adquirir poder sobre os homens através de conquista sedutora. Experimenta grande conflito em relação aos seus objetivos, o que contribui para inibição sexual (MACKINNON & MICHELS, 1981).
No caso II – denominado Sr. Z, homem de 45 anos, de aparência bem cuidado, caráter preservado, atenção seletiva, desinibido, afetividade cíclica, trabalhador autônomo, casado, de origem católica e batizado pela religião evangélica, tendo um filho adolescente, e uma história familiar do interior.
O motivo que levou o paciente, à análise, da qual não comentaria e não gostaria que ninguém viesse, a saber, foram os conflitos psicológicos sexuais, e de ansiedade, dos quais estava passando com sua companheira, e que sobre os mesmos havia comentado com um irmão da igreja, na ânsia de solução para suas perturbações.
Nos seus relatos caracterizado como “perturbação” (palavra do Sr. Z) o que estava sentindo, a algum tempo era desprezo por sua companheira, por achar que ela não o queria mais. Justamente por “inventar” doenças, para não ter relações sexuais com ele. O que lhe provocava ciúmes e ao mesmo tempo o deixava furioso e revoltado.
Em uma das sessões, Sr. Z, relatou que no início da relação deles, a vida sexual era normal, pelos padrões de estar satisfeito, pois sempre que procurava por sua companheira ela estava disposta e desejando-o tanto quanto, ele. E na atualidade suas reclamações eram constantes.
Sr. Z, expôs que a necessidade de prazer sexual insatisfeito, o deixava com fantasias estranhas em relação a outras mulheres, não importando a idade das mesmas. E após ser indagado sobre tais fantasias e se já havia traído sua companheira, o mesmo confirmou e disse não ter sentimentos de culpa em relação a esta traição, pois era “necessário”. Mas, que não gostaria de falar sobre a traição, pois o que lhe trazia ali era sua ansiedade e angustias das fantasias eróticas, que estavam passando pela sua cabeça, nos momentos mais diversos do dia-a-dia.
O paciente se considerava um homem, realizado e bem sucedido, mesmo sem ter formação acadêmica. Pois, para ele o importante era ganhar seu dinheiro honestamente, não deixar faltar à comida na mesa, e aproveitar os finais de semana com seu filho, a família e os amigos. E de suma importância seus estudos bíblicos e reconhecimento na sua congregação cristã.
Em uma das análises ele se gabava, de no passado ser um homem forte, elegante, esperto, inteligente, e que raramente ficava doente. O contrário da atualidade, pois se encontrava gripado e com dores de cabeça constantes, da qual, as acusações eram sempre para a esposa, acreditando que o motivo das suas dores era a falta de sexo, e de ter que fazer uso da masturbação, das fantasias eróticas, para se realizar. Obrigações que consideravam de sua esposa, “servi-lo”. Estas narrativas se repetiram em várias outras sessões de análises.
Em meio a um de seus discursos, Sr. Z, constrangido, e gaguejando o que não era de costume, perguntou se aqueles relatos incomodavam a doutora. Como que pega de surpresa, pela pergunta, após breve silêncio, a resposta foi que não, e que ele poderia relatar o que sentisse e o que viesse aos seus pensamentos mais íntimos, que a intenção era de sua colaboração com a psicoterapia, para poder ajudá-lo, e que se ele achasse útil, poderiam fazer uso da terapia de casal. O que foi rejeitado pelo Sr. Z, de imediato, relembrado o anonimato da sua pessoa ali.
No estudo do caso II, o Sr. Z, apresenta hipótese diagnóstica de vitalidade egóica fortalecida, fase de narcisismo, todavia, as neuroses surgem da auto-estima ameaçada.
Para MacKinnon e Michels, 1981 o sonhar acordado e a fantasia são atividades do psiquismo e desempenham importante papel na vida emocional do sujeito. O pensamento racional é predominantemente organizado e lógico e prepara o organismo para a ação, baseado no princípio da realidade.
Por outro lado, segundo Mackinnon e Michels, 1981, o ato de sonhar acordado é continuação do pensamento infantil e baseia-se em processos primitivos, mágicos e de satisfação de desejos conforme o princípio do prazer. Este se salienta particularmente na vida emocional histérica. O conteúdo centra-se ao redor do recebimento de amor ou atenção.
E que o “sonhar acordado” e seu traço de caráter servem à função defensiva. Este apego por um mundo fantasioso, no qual grande parte da libido fica introvertida, subtraindo-se do mundo exterior, conduz a histeria para uma patologia. Buscando evitar as duras exigências impostas pela realidade, refugia-se num universo imaginário regido pelo princípio do prazer o qual permite cumprir as aspirações infantis que, de outro modo, teria que abandonar.
Como geralmente as pessoas histéricas vêm de famílias nas quais a atividade sexual está associada à grande ansiedade, é comum recordarem de proibições maternas, reais ou imaginárias, da masturbação durante a infância. A criança, desejando dominar suas tentações masturbatórias, serve-se dos devaneios como um substituto para alcançar uma auto-estimulação prazerosa. Na fase edípica, a sexualidade da criança concentra-se no desejo erótico para com seus pais. Não podendo ser gratificado diretamente, é deslocado para a atividade masturbatória. Por tal razão, as fantasias que o acompanham ou substituem oferecem gratificação simbólica dos desejos edípicos da criança (MACKINNON; MICHELS, 1981).
Constata-se que pessoas com traços de caráter histéricos necessitam mostrar e exibir-se através de uma representação da qual não são sequer conscientes. A pessoa histérica representa perante o outro não somente que é uma pessoa excepcional, única e desejável, mas também possuidora de algo mais que não se vê, algo que a torna ainda mais desejável. Muito mais do que alcançar o prazer sexual com um companheiro (a), o que importa é despertar o desejo do outro.
No paciente somatizador, histérico, também conhecido como psicossomático é comum a descarga fisiológica ocorrer logo após períodos de fortes ressentimentos que, por algum motivo, tiveram que ser reprimidos. Ou seja, problemas normais do dia a dia que, para as demais pessoas constituem apenas preocupações naturais, para o psicossomático pode significar um acúmulo muito grande de carga emocional que terá que ser eliminada de uma forma fisiológica, trazendo doenças repetitivas, como enxaquecas, gastrites, úlceras, aparecimento de furúnculos, rinites, oscilação de pressão e etc..
É comum o paciente aceitar a enfermidade como um castigo pelos delitos que ele sabe ter cometido. Em alguns desses casos a enfermidade torna-se mais grave na medida em que o paciente precisa, inconscientemente, auto punir-se. Para vários estudiosos alguns pacientes com personalidade somatizante desenvolvem doenças todas as vezes que existe o perigo de corte em algum tipo de relação de dependência forte, como um namorado que acredita poder perder a namorada, um casal em que um dos cônjuges tem medo de ser abandonado pelo outro, ou o filho que tem medo de perder um dos pais.
Em alguns desses casos visualiza-se claramente o benefício secundário que, muitas vezes, até impede a ocorrência do fato que desencadeou a enfermidade. Nos dois casos apresentados havia a presença de benefícios secundários que, mesmo inconscientemente, poderiam alimentar ainda mais a reação psicossomática/somatizante trazendo a enfermidade real. Surgindo de fatores psicoafetivos de acordo com o manejo das emoções, dos traumas e dos sentimentos de abandono, rejeição, culpa etc.





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3. CONCLUSÃO


Para Freud, toda perturbação de ordem emocional tem sua fonte em vivências sexuais marcantes, que por se revelarem perturbadoras, são reprimidas no inconsciente. Esta energia contida, a libido, se expressa a partir dos sintomas, na tentativa de se defender e de se preservar, este é o caminho que ela encontra para se comunicar com o exterior. Através da livre associação e da interpretação dos sonhos do paciente, o psicanalista revela a existência deste instinto sexual. Essa transferência de conteúdo para o consciente, que provoca uma intensa desopressão emocional, traz a cura do analisando.
A mente, dividida em Id, Ego e Superego, revelou-se uma caixinha de surpresas nas mãos de Freud. No Id, governado pelo ‘princípio do prazer’, estão os desejos materiais e carnais, os impulsos reprodutores, de preservação da vida.
Segundo Freud, no Ego, ou Eu, regido pelo ‘princípio da realidade’, está a consciência, pequeno ponto na vastidão do inconsciente, que busca mediar e equilibrar as relações entre o Id e o Superego; ele precisa saciar o Id sem violar as leis do Superego. Assim, o Ego tem que se equilibrar constantemente em uma corda bamba, tentando não se deixar dominar nem pelos desejos insaciáveis do Id, nem pelas exigências extremas do Superego, lutando igualmente para não se deixar aniquilar pelas conveniências do mundo exterior.
Por esse motivo, que Freud, denominou que o homem vive dividido entre estes dois princípios, o do Prazer e o da Realidade, em plena angústia existencial. Pois, o Superego é a sentinela da mente, sempre vigilante e atenta a qualquer desvio moral. Ele também age inconscientemente, censurando impulsos aqui, desejos ali, especialmente o que for de natureza sexual. O Superego se expressa indiretamente, através da moral e da educação.
Freud defendia que a libido amadurecia através da troca do objeto ou objetivo, argumentando que os homens são “polimorficamente perversos”, querendo dizer que existe uma enorme variedade de objetos que podem tornar-se uma fonte de prazer. Ao mesmo tempo em que as pessoas se desenvolvem, elas também se fixam em diferentes objetos de acordo com a etapa de desenvolvimento: como a etapa oral (prazer dos bebês na lactação); a etapa anal (prazer das crianças no controle da defecação); e a etapa fálica (prazer genital). Portanto, na concepção freudiana cada fase é uma progressão visando o amadurecimento sexual, caracterizada por um forte “Eu” e a capacidade de retardar o desejo por recompensas.
A psicanálise evoluiu na capacidade de conter angústias psicóticas e de elaborá-las, de modo que hoje esses pacientes dispõem de melhores meios para superar e enfrentar as vicissitudes da existência. Quinodoz, 2007.
De tal modo, que no atendimento clínico, o paciente, em repouso, é estimulado a verbalizar tudo que brota em sua mente, como sonhos, desejos, fantasias, expectativas, bem como as lembranças da infância. Cabe ao psicanalista ouvir e interferir apenas quando julgar necessário, assim que perceber uma ocasião de ajudar o analisando a trazer para a consciência seus desejos reprimidos, deduzidos a partir da livre associação. No geral, o analista deve manter se imparcial, e observar os conflitos entre consciente, subconsciente e inconsciente; como analisar os atos falhos (traições da memória), sonhos, chistes, sintomas e insights. Considerando os mecanismos de defesa que estão diretamente ligados com o objetivo da busca da satisfação imediata, e dos impulsos para evitar o desprazer e a angústia. Pois, através desta observação bem conduzida sobreporá o alívio e, dessa forma, o resgate do equilíbrio tão necessário.


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REFERÊNCIAS


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CID-10 Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da Cid 10. Ed. Artmed, Porto Alegre, 1993.

FEDIDA, P. Entrevista: Supervisão e Formação. Jornal de Psicanálise. São Paulo, 2001.

FREUD, S. A dinâmica da Transferência. In: Edição Standard Brasileira, Rio de Janeiro: Imago, 1974.

LAPLANCHE, J. e PONTALIS, J. B. Vocabulário da psicanálise. São Paulo: Martins
Fontes, 2001. 552 p.

TELFORD, Charles W. e SAWREY, James M. PSICOLOGIA, Uma Introdução aos Princípios Fundamentais do Comportamento. São Paulo: Editora Cultrix, 1980.

VOLICH R.M., Psicossomática, de Hipócrates à psicanálise. São Paulo, Casa do Psicólogo, 2000 (7a edição ampliada, 2010).

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PSICOTERAPIA

PSICOTERAPIA


SÃO FORMAS DE INTERVENÇÕES CLÍNICOS-PSICOLÓGICAS, COM MEIOS PARA ATINGIR UM FIM ESPECÍFICO (A CURA OU A REDUÇÃO DO SOFRIMENTO DO PACIENTE, GERALMENTE CAUSADO POR UM TRANSTORNO MENTAL).

TERAPEUTA

SEGUNDO GIKOVATE É BOM LEMBRAR QUE UM BOM TERAPEUTA É PESSOA SÉRIA E ESTUDIOSA, PREOCUPADO EM EXPANDIR SUA FORMAÇÃO INTELECTUAL, SUA BASE TEÓRICA. E TERÁ QUE SER PORTADOR DE UM CÉREBRO “POROSO”, O QUE SIGNIFICA UMA CAPACIDADE PERMANENTE DE RECICLAGEM DE ESTAR SEMPRE DISPOSTO A MUDAR DE IDÉIA SE NOVOS FATOS - OU MESMO NOVAS IDÉIAS - PARECEREM INTERESSANTES E EFICIENTES. NÃO DEVE SER UM MESTRE E SIM UM APRENDIZ. DEVE COLOCAR-SE DIANTE DE CADA PACIENTE COMO SE PUDESSEM ESQUECER TUDO O QUE SABE DE PSICANÁLISE/PSICOLOGIA E ESTIVESSE ALI PARA APRENDER. É O OPOSTO DO QUE FAZEM QUASE TODOS, OU SEJA, TRATAR DE RAPIDAMENTE ENQUADRAR O PACIENTE EM UM DOS SEUS RÓTULOS E COMPARTIMENTOS. O BOM TERAPEUTA É BOM OUVINTE E ESTÁ PERMANENTEMENTE APRENDENDO COM TODOS AQUELES COM QUEM CONVERSA. ESSA É A RAZÃO PELA QUAL A PROFISSÃO PODE SER FASCINANTE POR LONGO PRAZO.

ÉS LOU COM QUÊ?

ÉS LOU COM QUÊ?


AH! VOCÊ É...

LOUCO!!!

POR QUÊ?

POR ACREDITAR ENQUANTO MUITOS JÁ DESISTIRAM.

POR RECOMEÇAR, JÁ QUE OUTROS NÃO SE QUER TENTAR.

POR SONHAR (MESMO ACORDADO), ENQUANTO ALGUNS SE

SUICIDARAM.

POR QUERER MESMO ANTE A SITUAÇÃO CONTRÁRIA.

POR CONTINUAR QUERENDO E FAZENDO SINÔNIMO DE CRER,

TER VONTADE, TER DISPONIBILIDADE,

PRESENÇA, VIRILIDADE,

MAS, NÃO NO PEJORATIVO.

MAS, SENDO INTUITIVO LOGRAR ALGO ALUSIVO EM EXCESSO,

PARA MUITOS, O SUCESSO.

Autor: RONy

04/11/2010